quinta-feira, 7 de maio de 2009

O CICLO MENSTRUAL, ATIVIDADE SEXUAL E AS SITUAÇÕES COTIDIANAS VIVIDAS PELA MULHER PODEM CAUSAR DOR NAS COSTAS?

Com toda certeza e por vários motivos. Muitas mulheres, ao ovular ou durante o período pré-menstrual, se queixam de dor nas costas. As doenças sexualmente transmissíveis, como a provocada pela Chlamydia tracomatis, também podem ter sintomas de dor. Experiências estressantes ou desagradáveis às vezes resultam em dor. 

USAR SALTO ALTO PREJUDICA A COLUNA?

Com certeza, muito embora a elegância feminina peça um salto alto, não abuse demais deste tipo de calçado. Saltos acima de 4 centímetros podem fazer mal à coluna se usados diariamente. Eles podem aumentar a lordose lombar, forçando as articulações posteriores, causando sobrecargas. Mas é claro que eles estão liberados para serem usados numa festa ou recepção. 

OBESIDADE PODE COMPLICAR AS DORES NAS COSTAS?

Com certeza, estar com excesso de peso pode contribuir para a sua piora e ser um fator de risco para o desencadeamento da dor da coluna. Especialmente na região abdominal, o excesso de gordura( e de peso) desloca o centro de gravidade para frente, sobrecarregando a musculatura das costas. Entretanto, as pessoas magras não estão livres de apresentarem dor na coluna, o que é observado com freqüência.

MASSAGENS SÃO ÚTEIS PARA ELIMINAR DORES E MAL-ESTAR? COLOCAM A COLUNA NO LUGAR?

Cuidado, este é um tema delicado e interessante. As massagens nas costas podem aliviar momentaneamente as dores. O estímulo manual provoca a liberação de substâncias analgésicas (endorfinas), levando ao alívio da dor e relaxamento muscular. Obviamente, porém, as massagens não colocam a coluna no lugar e tampouco resolvem os problemas de forma definitiva. Podem, inclusive, torná-los mais graves se forem aplicadas por pessoas sem conhecimento sobre a doença a ser tratada ou sem habilitação necessária.

COLETES SERVEM PARA MELHORAR A POSTURA?

Negativo. Os coletes, chamados na linguagem médica de órteses, são de vários tipos e tamanhos. Eles não melhoram a postura. São utilizados basicamente para prevenir a evolução de deformidades ou em outras situações específicas nas quais a coluna precisa permanecer em repouso. Na grande maioria dos casos, são usados de forma temporaria. E atenção, os coletes não favorecem ou protegem a coluna quando se levantam objetos mais pesados. Entretanto, existem coletes leves, parecidos com uma cinta do tipo suspensório, conhecidos como posturetes, que podem ser utilizados para lembrar os indivíduos de que devem manter a postura correta em situações rotineiras. São indicados principalmente para jovens e pessoas que trabalham em posições nas quais a coluna se dobra para frente. 

BICO DE PAPAGAIO?ELE DÁ DOR NA COLUNA?

O terrível e incômodo bico de papagaio é o nome popular de uma ossificação, chamada osteófitos, resultante de uma reação do osso a uma degeneração do disco. Recebeu esse nome porque, pois, ao raio-X, a imagem aparece com a forma de um bico de papagaio. E, dependendo do seu tamanho, assemelha-se a um bico de tucano. Na grandiosa maioria dos casos, é um achado casual do raio-X, não apresentando sintomas. Não existe qualquer relação entre tamanho e número de bicos de papagaio com a idade do paciente e sintomas. Dependendo de sua localização anatômica, pode apresentar dor, como quando aparece no forame vertebral, irritando o nervo. O forame é o túnel que liga o estojo ósseo que contém a medula espinhal à parte externa da coluna. 

OSTEOPOROSE PROVOCA DOR NAS COSTAS?

Negativo. Essa doença, que é caracterizada pelo enfraquecimento da massa óssea, não causa dor, o que de certa forma permite que ela progrida sem que os pacientes percebam. Por isso, as mulheres após a menopausa ou as que apresentam outros fatores de risco em qualquer idade devem ter acompanhamento médico. A mesma orientação é dada para os homens que passam dos cinquenta anos (a partir dessa faixa etária, uns em cada oito homens podem desenvolver a doença). Ambos os grupos devem realizar exames periódicos para prevenção e tratamento (densitometria óssea, entre outros). A osteoporose só vai provocar dores nas costas quando ocorrerem micro-faturas ou fraturas dos corpos vertebrais. 

HÉRNIA DE DISCO NA COLUNA CERVICAL? É FREQÜENTE?

Sua ocorrência é ábsolutamente comum, sendo encontrada em pessoas que nunca apresentaram sintomas. Infelizmente, ao ser identificada em um exame de imagem, atribui-se a ela a responsabilidade pela dor no pescoço, quando na maioria das vezes a causa é outra, como os estados de ansiedade, o bruxismo e problemas posturais, entre outras situações. Quando é de fato responsável pela dor, tratamento recomendado é clínico na esmagadora maioria dos casos. Não mais do que 0,5% dos casos, têm indicações cirúrgicas, em situações específicas. 

A HÉRNIA DE DISCO LOMBAR É UMA DOENÇA GRAVE? A CIRURGIA FAZ PARTE DO TRATAMENTO?

Não pense assim . A hérnia de disco é uma situação freqüente que pode existir em indivíduos que inclusive nunca apresentaram sintomas. Na grande maioria dos casos, ela não traz nenhum tipo de complicação. Quando ela provoca uma dor na coluna com irradiação para a perna, conhecida como ciática, em cerca de 95% dos casos a cura se dá apenas com um tratamento clínico bem conduzido. Isso acontece devido a uma tendência natural do organismo em absorver o fragmento do disco intervertebral que causa os sintomas, o que ocorre num período entre quatro e cinco meses. Além disso, o núcleo gelatinoso do disco perde água, o que resulta na redução do seu volume, diminuindo a pressão exercida sobre o nervo. É como uma ameixa fresca que, com o passar do tempo, fica seca e tem seu volume reduzido. Pouquíssimos casos de hérnia na região lombar têm indicação cirúrgica (menos de 5%). Geralmente, ocorre em pacientes que não responderam bem ao tratamento clínico por um período mínimo de seis a oito semanas ou se encontram em quadros emergenciais, como a síndrome de compressão da cauda eqüina (responsável pelo descontrole do esfíncter urinário e ou retal e adormecimento do períneo), ou em situações de dor incontrolável, com repercussões neurológicas. 

A NATAÇÃO É SEMPRE BENÉFICA PARA DORES DE COLUNA?

Negativo. Normalmente a natação não está entre as atividades físicas mais recomendadas para aliviar dores de coluna. Ela promove uma rotação das vértebras o que pode agravar lesões de algumas estruturas da coluna como os discos intervertebrais e ligamentos. O risco é maior quando se pratica o nado clássico e borboleta. Existem situações em que ela é indicada, como em casos de deformidades posturais (dorso curvo). Não se deve contra indicar nado livre para pacientes que sentem benefícios e não se queixam de dores com a sua prática regular. No entanto, deve-se alertá-los para não deixar de fazer alongamento antes de entrar na água. Esses exercícios, podem ser úteis na prevenção de dor, principalmente a lombar. 

EXERCÍCIOS SÃO PREJUDICIAIS E AUMENTAM AS DORES NAS COSTAS?

É um grande engano pensar assim. Os exercícios só fazem mal quando não forem apropriados e orientados. Uma pessoa com lombalgia jamais deverá praticar atividades que exijam força, como levantar pesos durante a aula de musculação, sem apoiar corretamente a coluna lombar. O risco é deflagrar uma crise grave e até imobilizante. Mas há muitas outras atividades que podem ajudar a aliviar as dores. Os exercícios de alongamento, associados a outros que reforcem a musculatura abdominal, são os mais indicados. Outros vários tipos servem para corrigir a postura. Quem se senta curvado para frente, por exemplo, é estimulado a alongar os músculos peitorais e reforçar os dorsais para deixar a coluna mais ereta. Exercícios dentro da água (hidroginástica) diminuem a ação da gravidade e a pressão sobre a coluna, o que é uma ação bem-vinda. 

Exames para diagnosticar problemas da coluna


1. Ráio X Simples 

Está indicado para as pessoas com mais de 50 anos, com manifestações neurológicas e falhas do tratamento clínico. As posições a serem solicitadas são: frente, perfil (neutra, flexão, extensão), oblíquas esquerda/direita.
Podem ser observadas reduções do espaço discal e osteófitos, porém sua relevância e discutível, sendo que na maioria dos casos não se observa correlação entre imagem e sintomas. A dor radicular com radiografias simples pouco significativas, podem sugerir hérnia de disco. 


2. Tomografia Computadorizada 

Está indicada no estudo mais aprofundado de doenças ósseas, sendo imagens que revelam espondilose e osteófitos nas articulações zigoapofisárias. É útil para medida do canal vertebral e o forame de conjugação. Observam-se imagens patológicas em pacientes assintomáticos . 


3. Ressonância Magnética 

Opção preferencial para detecção de patologias de partes moles tais como hérnia de disco e tumores. Estudo realizado em 100 pacientes com doenças na laringe, sem muitas queixas clínicas relacionados à coluna cervical, evidenciaram 20% ou mais de lesão discal em pacientes entre 45-54 anos e 57% com mais de 64 anos. 


4. Mapeamento Ósseo com TC 99MC 


É útil para a pesquisa de metástases ósseas (pulmão, mama, próstata, tireóide, rim) e nas infecções e inflamações do disco (discite). 


5. Reações de fase aguda 

Velocidade de hemossedimentação- se acelera em processos altamente inflamatórios, infecciosos e neoplásicos e a proteína C reativa (PCR), que se eleva nas mesmas condições. 


6. Eletroneuromiografia 

Esse teste é solicitado para comprovar uma radiculopatia e/ou informações diagnósticas e prognosticas. Determina em algumas situações o nível da raiz comprometida que apresenta anormalidades anatômicas ou funcionais. Não é específica, pois em vários pacientes submetidos à cirurgia não ocorreu correlação entre o seu resultado e o nível observado durante o procedimento. É muito útil quando a clínica e a imagem não permitem localização do nível da compressão e também para o diagnóstico diferencial com a síndrome do túnel do carpo, na diferenciação entre processos do sistema nervoso periférico e central, além de possibilitar a caracterização entre um processo crônico e agudo. 


Tratamento da dor na coluna


Nem todos os tratamentos para dor na coluna funcionam para os diversos casos e indivíduos na mesma condição, e muitos acham que precisam tentar varias opções de tratamento para descobrir o que funciona melhor. Apenas em uma minoria, estimada entre 1-10% dos casos, requer cirurgia. Geralmente acredita-se que alguma forma de alongamento e exercício físico consistente sejam um componente essencial dos programas para tratamento de dor de coluna.

A medicina moderna tem testado nos último 50 anos várias terapias intradiscais, que  foram desenvolvidas visando reduzir a pressão no interior do disco intervertebral (descompressão). Esses procedimentos minimamente invasivos vem apresentando uma significativa evolução em decorrência do avanço cientifico e tecnológico em termos de equipamentos para uso médico. Estas cirurgias são realizadas por duas vias: Vídeo-Endoscópicas e Técnicas Percutâneas. Em razão de sua importância atual, abordaremos apenas algumas das técnicas percutâneas realizadas em nível ambulatorial: 


  1. Discectomia intra discal a laser
  2. Anuloplastia eletrotermica intradiscal (IDET)
  3. Nucleoplastia

1. Discectomia a laser 
Essa renomada técnica usa a energia do laser para vaporizar parte do núcleo pulposo visando à diminuição da pressão intra discal e regressão da protrusão discal do anel fibroso. Os seus resultados foram variáveis, dependendo do tipo de energia a laser usada. Porém tem um papel restrito no tratamento da dor lombar e ciática. 

2. Anuloplastia eletrotérmica intradiscal (IDET) 
Anuloplastia eletrotérmica intradiscal é uma opção de tratamento minimamente invasivo em pacientes com forte dor lombar decorrente de fissuras na parede externa do disco intervertebral. A eficácia dessa terapia está na dependência de se transferir calor de forma homogênea por um cateter eletrotérmico por meio de uma corrente elétrica para o anel fibroso e núcleo pulposo . A melhora da dor é devido principalmente à modificação da estrutura de suas fibras colágenas, e de substâncias bioquímicas responsáveis por dor e inflamação, e destruição dos receptores das fibras nervosas do disco, induzindo a sua restauração. Os resultados iniciais tem sido satisfatórios. Os efeitos em longo prazo são desconhecidos, porém os últimos trabalhos publicados não são tão animadores. 

3. Nucleoplastia 
O mais recente método aprovado pelo FDA e pela ANVISA para tratamento de hérnia discal contida e em casos selecionados de dor discogênica desde 2001. Tem como objetivo a retirada de tecido do núcleo pulposo da ordem de 10% por meio da introdução de um cateter no interior do disco, que transmite ondas de radiofreqüência específica de maneira controlada provocando sua contração e aliviando a pressão interna exercida sobre a raiz do nervo afetado. O disco é tratado e não removido, preservando assim o seu efeito de cochim . 
A experiência clínica com esta nova tecnologia necessita ainda de observações resultantes de seguimento clínico prolongado. Neste período inicial é válido considerar a nucleoplastia como um tratamento eficiente para hérnias de disco contidas (maior que seis mm) com ou sem radiculopatia associada. É absolutamente importante entender que a nucleoplastia pode não substituir a micro-discectomia ou fusão, servindo, no entanto como uma conduta complementar nos casos referidos acima.